Páginas

segunda-feira, 8 de abril de 2013

DEMORA NO JULGAMENTO !


Só ao cabo de cerca de duas semanas, a partir desta segunda-feira (8), a sociedade saberá se os 26 policiais militares acusados de homicídio qualificado são inocentes ou culpados pela morte de 15 presos do complexo do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992. Independente da sentença, no entanto, a longa espera para que o crime fosse finalmente julgado já jogou uma pá de cal sobre a possibilidade de que, 20 anos e seis meses depois, seja feita ainda justiça --aos familiares das vítimas ou aos réus. LEIA MAIS Ação da PM no Carandiru começa a ser julgada em SP após 20 anos e com crimes prescritos Massacre do Carandiru foi um marco, mas cadeias ainda não recuperam presos, diz Drauzio Varella Para MP, trabalho é convencer jurados de que 'bandido bom' não é 'bandido morto' Presos colocam fogo em colchões em protesto no 'Carandiru gaúcho' Cepollina se diz feliz, lamenta que "assassino de Ubiratan esteja impune" Matança no Carandiru motivou formação de facção criminosa A opinião é de especialistas em direito criminal ouvidos pelo UOL, para os quais o tempo afeta o julgamento tanto quanto a noção do cidadão de que a impunidade no Brasil não vai acabar. Para eles, é como se, tantos anos depois, uma sentença de condenação, agora, soasse estranha a réus que permaneceram mais de duas décadas em liberdade absoluta –alguns morreram; outros, chegaram a ser promovidos após o massacre altas patentes. Por outro lado, eventual sentença de absolvição, ponderam os criminalistas, seria a prova da injustiça que teria sido a acusação contra os réus durante todo esse tempo. Ou seja: poderiam ter evitado o olhar acusatório do brasileiro e mesmo de entidades internacionais muito antes. Aliado a essas duas hipóteses, o tempo que o processo levou para ir a júri também pode afetar a memória de testemunhas –13 de acusação e dez da defesa –e mesmo dos réus, além da possibilidade de os jurados, que serão sorteados sete de um grupo de 50 pessoas, serem de idades das mais distintas. Como o crime ocorreu em 1992 e um dos critérios da seleção do júri é que o jurado tenha no mínimo 18 anos, não é impossível que alguns deles não se lembrem do massacre ou sequer tenham nascido quando ocorreu. Em março deste ano, por sinal, o próprio IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo negou pedido da defesa e do Ministério Público para que fosse feito um novo exame de confronto balístico capaz de identificar de quais armas partiram os projéteis que mataram os presos. A justificativa: pelo tempo, o material reenviado para análise estava inutilizado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário