Por Saulo Moreira. Atualizado 24/01/2019 07:59
Os funcionários da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (Correios) entraram em greve recentemente
cobrando diversos direitos da estatal. Entre as principais
reivindicações dos trabalhadores estavam a contratação de novos funcionários via concurso público,
a segurança nos Correios e o fim dos planos de demissão voluntária. A
expectativa de realização de novo concurso público dos Correios (Edital Concurso Correios) é grande, já que desde 2011 o certame não é realizado.
“Não
há nenhum impedimento para a realização de um novo concurso, provocando
a queda na qualidade dos serviços da estatal”, disse a Federação
Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e
Similares (FENTECT). Na ocasião, a empresa não havia se pronunciado
sobre a realização de um novo concurso, apenas falou sobre o anúncio da
greve. “A empresa entende que é um direito do trabalhador. No entanto,
um movimento dessa natureza, neste momento, serve apenas para agravar
ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não
apenas a empresa, mas também os próprios empregados”, afirmou.
Debate na Câmara dos Deputados
As
comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de
Legislação Participativa da Câmara promoveram na última terça-feira, 26
de junho, uma audiência pública conjunta para discutir a demissão de
funcionários e o fechamento de agências da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (ECT).
Os
pedidos para o debate são dos deputados Leonardo Monteiro (PT-MG) e
Glauber Braga (Psol-RJ). Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos
Correios, Leonardo Monteiro cita notícia publicada pela imprensa sobre a
existência de relatório da empresa prevendo o fechamento de 513
agências e a demissão de mais de 5 mil servidores. Ele quer explicações
sobre a veracidade da notícia e do referido relatório.
“Sabe-se
que os Correios são o serviço público federal mais próximo dos
cidadãos, podendo exercer relevante influência no crescimento e
desenvolvimento do País, ao tempo em que proporciona à população
brasileira acesso a serviços postais e financeiros. O fechamento e, por
consequência o enxugamento da empresa, demonstraria um grande equívoco
na gerência das empresas públicas por parte do governo”, ressaltou.
O
vice-presidente dos Correios, Cristiano Barata, disse, ainda na
terça-feira (26) que não haverá demissão de funcionários da empresa
neste ano. Segundo ele, a ideia é apenas abrir um novo Plano de Demissão
Incentivada.
Edilson Nery, da
Associação Nacional das Empresas de Comunicação Segmentada, acusou a
direção dos Correios de estar sucateando a empresa, sem realizar concursos
há sete anos, para poder privatizar o serviço. “Os carteiros estão
fazendo dobra. As entregas acontecem de forma alternada, e os clientes
estão indo embora porque não tem qualidade na entrega. Hoje a empresa
está à mercê da vice-presidência financeira. É o financeiro que diz o
que tem de ser feito”, declarou.
Empresa já respondeu sobre realização de concurso público no ano passado
A
assessoria de imprensa da estatal declarou que “com relação ao concurso
público, o dimensionamento da força de trabalho não foi concluído e
somente após a conclusão desses estudos será possível identificar a real
necessidade de efetivo para realização de um novo certame”. Se
divulgado, o concurso contará com vagas para nível médio em todos os
Estados.
A empresa tem a intenção em
solicitar a realização do concurso dos Correios devido à grande
defasagem de pessoal, que tem afetado a prestação de serviços da
instituição. Desde 2011 sem concurso, a ECT precisa urgentemente de um
novo concurso, já que, segundo números da Federação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares
(Fentect), a defasagem é de cerca de 20 mil trabalhadores.
A
alta defasagem de servidores já foi tema por diversas vezes entre os
sindicatos da categoria e o órgão. O motivo é que a falta de
profissionais tem afetado os serviços à população, como a entrega de
cartas.
O diretor do Sindicato
dos Trabalhadores dos Correios de Campinas e Região (Sintect/Cas), Mauro
Aparecido Ramos, frisou que a abertura de um novo concurso público deve
ser feita no mais breve possível. “Entre 2013 e 2014, por meio do
processo de demissão voluntária, a ECT demitiu cerca de
7.000 funcionários em todo o país, sendo aproximadamente 400 na região
de Campinas/SP”, explicou. Os postos vagos ainda não foram preenchidos,
já que o último concurso foi realizado em 2011.
Concurso dos Correios – Carteiro e Operador
No
mês de julho do ano passado, o presidente dos Correios, Guilherme
Campos, informou que a realização era praticamente impossível. A
entrevista foi concedida à Rádio CBN. O presidente ainda frisou que a
estatal conta com nada menos que 14.000 funcionários aposentados na
ativa, sendo de interesse dos Correios, cortar parte
desses trabalhadores. “Hoje, um dos maiores índices de problemas da
empresa está nos índices de absenteísmo… os números vão de 10 a 20% e,
algumas localidades, 25% de falta”, finalizou.
O
presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos
Correios e Similares, Fentect, chegou a contestar a declaração de
Guilherme Campos. Ele argumentou que, no ano passado, os Correios tinham
dito que havia uma necessidade de contratar 20.000 novos funcionários.
Além disso, José Rivaldo disse que o presidente quer tentar colocar a
culpa nos trabalhadores.
Prepare-se: Apostila Concurso Correios
Defasagem dos Correios
O concurso dos Correios
estava pronto para ser anunciado, mas o Departamento de Coordenação e
Governança das Empresas Estatais (DEST) determinou que a empresa não
ampliasse o seu quadro de pessoal, que deve ter no máximo 118.624
profissionais. No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa dos Correios,
atualmente a instituição conta com 118.220 empregados em seu quadro
funcional. Ou seja, hoje a estatal pode contratar 404 funcionários – e
este número pode aumentar, já que há servidores em processo de
aposentadoria.
Uma das alternativas
analisada pela empresa é a abertura do concurso para cadastro reserva.
Dessa forma, assim que as vagas fossem surgindo, a estatal já poderia
repor com os candidatos aprovados no certame.
Antes da suspensão do Concurso Correios – Carteiro e Operador
Quando foi anunciado o concurso dos Correios, em
2016, as vagas seriam destinadas ao Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais, Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco,
Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal. Os salários iniciais oferecidos pelos Correios eram
de R$ 1.284 para OTT, já incluindo a gratificação. No caso do carteiro,
os vencimentos correspondem a R$ 1.620,50, se acrescentado o adicional
de distribuição. Fora as remunerações, os admitidos recebem
vale-alimentação/refeição na quantia de R$ 971,96 a R$ 1.092,48.
Acrescentando o valor máximo do benefício, o rendimento das carreiras
chega a R$ 2.376,48, para operador, e a R$ 2.712,98 para carteiro.
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